Hepatite A: como pega e como evita?

Isabelle Macedo Cabral

Só no primeiro semestre deste ano, o número de diagnósticos de Hepatite A quase dobrou no Estado de São Paulo. O vírus – pouco lembrado pela população – é transmitido principalmente pela ingestão de alimentos ou água contaminados. Apesar de a maioria dos casos não apresentar risco à vida, alguns cuidados devem ser seguidos para evitar a doença. 

Como se transmite a hepatite A? 

A hepatite A é causada por um vírus (HAV) que se espalha, principalmente, pela via fecal-oral. Isso significa que o contato com fezes contaminadas, mesmo que indireto, pode levar à infecção. As formas mais comuns de contágio são: 

  • Ingestão de água e alimentos contaminados, especialmente moluscos e frutos do mar mal higienizados; 
  • Contato direto com pessoas infectadas, especialmente se não houver higiene adequada das mãos após o uso do banheiro; 
  • Contato com superfícies contaminadas, já que o vírus pode sobreviver por longos períodos no ambiente. 

Quais são os sintomas da hepatite A? 

Após um período de incubação que varia entre 15 e 50 dias, a pessoa infectada pode começar a apresentar sintomas como: 

  • Febre, fadiga e mal-estar generalizado; 
  • Náuseas, vômitos e dor abdominal; 
  • Diarreia e urina escura; 
  • Icterícia (amarelamento da pele e dos olhos). 

A intensidade dos sintomas varia, sendo mais leve em crianças e geralmente mais grave em adultos.  

Quanto tempo dura a hepatite A? 

O tempo de duração dos sintomas costuma ser inferior a dois meses. No entanto, em alguns casos, eles podem persistir por até seis meses. Mesmo após a melhora clínica, o vírus pode continuar sendo eliminado nas fezes por semanas ou até meses, o que exige cuidados prolongados para evitar sua transmissão a outras pessoas. 

Precisa de isolamento? 

De maneira geral, não é necessário isolamento, no entanto, durante os primeiros 10 a 15 dias após o início dos sintomas, o paciente ainda elimina o vírus pelas fezes e pode contaminar outras pessoas. Por isso, medidas de precaução são fundamentais nesse período: 

  • Evitar o preparo de alimentos para terceiros; 
  • Lavar as mãos com frequência, especialmente após usar o banheiro; 
  • Utilizar utensílios e toalhas individuais. 

Em ambientes como escolas, creches e instituições de longa permanência, a notificação à vigilância sanitária é essencial para evitar surtos. 

Existe tratamento? Hepatite A tem cura? 

Sim, a hepatite A tem cura. Na maioria dos casos, a recuperação é espontânea. Não existe um medicamento específico para eliminar o vírus e o tratamento consiste no alívio dos sintomas e no suporte ao organismo durante a infecção. As recomendações médicas incluem: 

  • Hidratação adequada; 
  • Repouso; 
  • Alimentação leve; 
  • Monitoramento dos sinais de agravamento. 

Casos graves são raros, mas podem ocorrer — especialmente em pessoas com doenças hepáticas preexistentes — e podem exigir internação ou até transplante de fígado. Após a recuperação, o organismo desenvolve imunidade permanente contra o vírus. 

Como prevenir a hepatite A? 

A prevenção da hepatite A está diretamente relacionada à higiene e à vacinação, que pode ser realizada, em crianças e adultos, no Espaço Mais Saúde das farmácias Drogasil. 

Entre os cuidados básicos que reduzem o risco de contágio estão: 

  • Lavar as mãos regularmente com água e sabão, principalmente antes das refeições e após o uso do banheiro; 
  • Beber apenas água tratada ou fervida; 
  • Evitar o consumo de alimentos crus mal lavados; 
  • Melhorar as condições de saneamento básico e descarte adequado de dejetos. 

Além disso, a vacinação é uma forma segura e eficaz de prevenção. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente a vacina para crianças entre 15 meses e menores de 5 anos, além de grupos vulneráveis, como pessoas com doenças hepáticas crônicas ou imunossuprimidas. 

O que fazer se suspeitar da doença? 

Ao notar sintomas como urina escura, icterícia, náuseas persistentes ou dor abdominal, o ideal é procurar atendimento médico o quanto antes. O diagnóstico é confirmado por meio de exames laboratoriais específicos, como a pesquisa de anticorpos anti-HAV IgM ou testes de biologia molecular (PCR). 

Uma vez confirmada a infecção, o paciente deve seguir todas as orientações médicas e manter cuidados rigorosos de higiene pessoal para evitar a transmissão a outras pessoas. Pessoas que tiveram contato próximo com o infectado podem receber vacina ou imunoglobulina em até duas semanas, como forma de prevenção pós-exposição. 

Conclusão 

A hepatite A é uma infecção que, apesar de ter cura e, na maioria dos casos, evoluir de forma benigna, exige atenção por sua alta transmissibilidade. Em locais com infraestrutura precária ou em contextos de surtos, ela pode se espalhar rapidamente. A boa notícia é que é possível evitá-la com medidas simples e eficazes. 

Higiene adequada, saneamento básico e vacinação são as chaves para manter a hepatite A sob controle. E, em caso de suspeita, buscar diagnóstico precoce e seguir as recomendações médicas pode fazer toda a diferença no desfecho da doença. 

 

Fontes consultadas: 

  • Organização Mundial da Saúde: who.int 
  • Ministério da Saúde do Brasil: gov.br 

Mais sobre Doenças e Sintomas

Copyright © 2024

Todos os direitos reservados.