O impacto invisível das telas no corpo e na mente

Isabelle Macedo Cabral

O impacto invisível das telas no corpo e na mente

Descubra como celulares e computadores podem afetar o sono, a postura e até a autoestima

As telas estão em todo lugar. Com a promessa de encurtar distâncias e deixar tarefas mais práticas, elas inundam o nosso dia a dia. Tentar eliminá-las, portanto, seria pouco sábio. Por outro lado, permitir que celulares, tablets, games e a TV dominem a nossa mente não é o caminho. É um estímulo constante, para o bem e para o mal. A depender do conteúdo, da frequência e do contexto, as telas podem até causar doenças. Confira abaixo os efeitos no corpo e na mente, além de sinais de alerta.

O que a tela faz com a mente? 

Ativa o sistema de recompensa 

Um estudo feito no Japão com jovens que sofrem de dependência de jogos on-line mostrou que assistir a conteúdos sobre games nas redes sociais ativa áreas do cérebro ligadas ao prazer, à memória e à atenção. Quanto mais grave a dependência, maior era essa ativação, um padrão parecido com o de vícios como do cigarro ou do álcool.

Amplifica emoções ruins 

Pessoas com ansiedade, depressão ou fobia social tendem a ter os sintomas agravados se passam muito tempo on-line. “A tecnologia potencializa comportamentos e transtornos já existentes”, diz Anna Lucia King. Segundo a psicóloga, isso acontece porque o ambiente digital amplia sensações de comparação, rejeição e vigilância.

Atrapalha o sono 

Ler em telas iluminadas antes de dormir pode bagunçar o relógio biológico. Um estudo do hospital Brigham and Women’s, nos EUA, mostrou que o uso de e-books com luz própria reduziu a produção de melatonina, dificultou o sono e piorou o estado de alerta na manhã seguinte. A vilã? A luz azul emitida por dispositivos eletrônicos.

Abala a autoestima

O contato constante com padrões irreais na internet pode impactar negativamente a autoimagem, sobretudo a das adolescentes. Uma revisão de 42 estudos feita por pesquisadores brasileiros revelou que o uso frequente de redes sociais está associado a uma maior insatisfação corporal e uma autoestima mais baixa em meninas.

Diminui o foco 

A exposição constante a telas e a notificações estimula o cérebro a alternar rapidamente entre tarefas, comprometendo a concentração. Um estudo dos EUA mostrou que pessoas que usavam telas em excesso corriam 28% mais risco de relatar problemas de memória, atenção e tomada de decisões.

O que a tela faz com o corpo? 

Dores cervicais 

Inclinar a cabeça para olhar o celular pode sobrecarregar a musculatura do pescoço. Em um estudo feito na Turquia, estudantes que usavam o aparelho por mais de quatro horas diárias relataram níveis mais altos de dor nessa região. Para lidar com essa questão e evitar problemas maiores, a recomendação é levantar o dispositivo à altura dos olhos ou apoiá-lo numa mesa.

Rugas no pescoço 

Além de causar dores, manter a cabeça curvada para baixo constantemente acelera o envelhecimento da pele, por criar dobras e aumentar a incidência de linhas horizontais. O fenômeno foi batizado de tech neck, ou pescoço tecnológico, em tradução livre. A recomendação do item anterior relacionada à postura também vale aqui.

Miopia 

O uso excessivo de telas está associado ao crescimento dos casos de miopia entre jovens. Uma revisão de 45 pesquisas, feita na Coreia do Sul, revelou que cada hora diante do dispositivo por dia está associada a um aumento de 21% no risco de desenvolver esse distúrbio que afeta a capacidade de enxergar objetos distantes.

Síndrome da visão do computador 

Olhos secos, dor de cabeça e fadiga ocular são sintomas da síndrome da visão de computador. Para evitá-la, adote a regra 20-20-20: a cada 20 minutos, desvie o olhar da tela e fixe-o em algo que esteja a 20 pés (cerca de 6 metros) de distância por ao menos 20 segundos.

Lesões por esforço repetitivo (LER)  

Digitar, rolar a tela e outros movimentos repetitivos, aliados a posturas inadequadas, contribuem para o desenvolvimento de problemas e dores, como tendinite. Um estudo saudita demonstrou ainda que usar o celular por quatro horas ou mais todo dia aumenta o risco de síndrome do túnel do carpo, que causa dormência e fraqueza nas mãos.

Obesidade

Uma pesquisa sul-coreana mostrou que adolescentes que usam o celular por três horas ou mais por dia correm mais risco de desenvolver obesidade. Por outro lado, trocar uma hora de tela por atividades off-line, como ler, reduz bastante essa possibilidade.

Sinais do exagero 

O corpo, a mente e o comportamento sinalizam que o tempo de uso das telas está passando do limite. No entanto, às vezes, as primeiras manifestações podem ser difusas e, por isso, fáceis de ignorar. Confira abaixo alguns sinais:

Ansiedade

Uma revisão de 142 estudos feita pela UFMG associou o uso excessivo de telas à ansiedade em todas as idades. “Nas crianças, tem a ver com falta de brincadeiras e de tempo de qualidade com cuidadores. Nos adolescentes, com a comparação nas redes sociais. E, nos adultos, com a dificuldade de sair do ciclo de estresse”, diz a terapeuta ocupacional Renata Santos, autora do trabalho.

Interferência na rotina

O uso da tela atrapalha o cumprimento das obrigações? Hora de reavaliar. “Em minhas pesquisas, vejo pessoas que gastam muito tempo na internet, em atividades não produtivas. Com isso, não finalizam as tarefas dentro do prazo e têm que dedicar as horas de descanso para colocar o trabalho em dia”, diz Renata.

Dificuldade para lidar com emoções 

Uma revisão de pesquisas feitas com mais de 290 mil crianças mostrou que telas e problemas socioemocionais, como agressividade ou tristeza, se retroalimentam. O efeito foi ainda mais forte quando a atividade escolhida eram os jogos – em qualquer plataforma: console, tablet ou computador.

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