
Espinheira-santa: benefícios e como preparar
Isabelle Macedo Cabral

A Espinheira-Santa (Maytenus ilicifolia) é, há décadas, uma das personagens mais importantes do vasto reino da medicina popular brasileira. Essa planta nativa das matas de araucária conquistou o título de “protetora do estômago” por seus benefícios fito terapêuticos.
A seguir, te contamos tudo sobre a espinheira-santa, seus benefícios e como preparar o chá para colher as vantagens para saúde.
O “chá da gente antiga”
Antes de qualquer estudo científico, a reputação da Espinheira-Santa foi construída na oralidade. Em regiões do Sul, era comum ouvir relatos de uma xícara do chá amargo que resolvia má digestão. Essa sabedoria intuitiva, transmitida entre gerações, já apontava o efeito gastroprotetor da planta.
Benefícios científicos
Pesquisas iniciadas ainda nos anos 70, principalmente em universidades do Paraná e de São Paulo, isolaram e identificaram os compostos responsáveis pela fama da planta.
Os taninos e triterpenos presentes nas folhas atuam de forma conjunta: eles aumentam a produção do muco que protege a parede do estômago, reduzem a secreção de ácido gástrico em excesso e têm uma ação anti-inflamatória local comprovada. É um trio de efeitos que justifica plenamente seu uso para dispepsia, gastrite e auxílio no tratamento de úlceras.
Esse corpo de evidências levou a Espinheira-Santa a um status raro: é uma das poucas plantas brasileiras com monografia aprovada pela Anvisa e incluída no Programa Farmácia Viva do Ministério da Saúde, sendo fornecida em vários municípios na forma de chá ou extrato padronizado.
Modo de usar
Existem duas portas de entrada principais para o uso da Espinheira-Santa:
Chá:
- Preparo: 1 a 2 folhas secas picadas (ou 2g) por xícara de água fervente. Abafar por 10 minutos e coar.
- Posologia Clássica: 1 xícara (150-200ml), 2 a 3 vezes ao dia, 30 minutos antes das refeições. O sabor é marcadamente amargo e adstringente.
- Duração: Não é para uso contínuo indefinido. Recomenda-se ciclos de até 4 semanas, com intervalos.
- Fitoterápico:
- Forma: Cápsulas ou comprimidos de extrato seco padronizado.
- Vantagem: Dosagem precisa, garantia de qualidade e pureza, praticidade.
- Regra: Seguir a posologia da embalagem ou, preferencialmente, a orientação de um profissional de saúde.
Contraindicações e cuidados
- Efeitos Colaterais e Riscos: O uso prolongado pode causar constipação intestinal. Seu uso é absolutamente contraindicado para gestantes, devido ao risco de efeito abortivo e teratogênico (malformação fetal). Também não é indicado para lactantes e crianças pequenas. Pode interagir com medicamentos, exigindo cuidado por parte de quem faz uso contínuo de outros remédios.
- Ameaça de Extinção: A explosão de demanda nos anos 80 e 90, associada ao extrativismo predatório, quase levou a espécie ao desaparecimento em várias áreas nativas. Isso gerou um colapso populacional da espécie em seu habitat. A solução? O cultivo sustentável. Hoje, a legislação exige que a matéria-prima para produtos comerciais venha de plantios regulamentados. Para o consumidor final, a recomendação é clara: nunca compre folhas de origem duvidosa, dê preferência a produtos de empresas idôneas ou cultive sua própria muda – a Espinheira-Santa se adapta bem a vasos em locais semi-sombreados.
Fontes:
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
Formulário de Fitoterápicos da Farmácia Viva (Ministério da Saúde)
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