
Como fazer o soro caseiro para evitar desidratação
Isabelle Macedo Cabral

O soro caseiro, mais do que uma receita, é um conhecimento ancestral validado pela ciência e que precisa ser repassado com precisão. Essa poção poderosa, escondida nas cozinhas brasileiras, não cura doenças, mas é a principal arma para evitar que uma simples diarreia se transforme em um caso grave de desidratação, especialmente em crianças e idosos.
A popularização do soro caseiro no Brasil está intimamente ligada ao trabalho do médico sanitarista cearense Dr. Fernando Figueira. Na década de 1960, diante de altíssimas taxas de mortalidade infantil por diarreia no Nordeste, ele liderou uma campanha massiva de educação popular para ensinar a receita, salvando incontáveis vidas. Sua estratégia mostrou que a solução para problemas complexos de saúde pública muitas vezes começa com um gesto simples e bem-informado dentro de casa.
A abordagem para um soro eficaz não é a do “faça você mesmo” sem critério. Quando feita corretamente, a receita é um procedimento de saúde básico.
Por que apenas água não basta?
Beber água quando se está perdendo líquido por diarreia ou vômito é intuitivo, mas insuficiente. O corpo perde, junto com a água, sais minerais vitais – o sódio e o potássio. Sem eles, a água ingerida não é retida adequadamente pelas células.
É aí que entra a receita. O açúcar facilita a absorção do sódio (do sal) pela parede intestinal. Juntos, eles criam uma bomba que puxa a água de volta para o organismo. É um trabalho em equipe: o sal retém, o açúcar transporta.
A receita correta
O maior inimigo do soro caseiro é a improvisação. “Um pouco mais de sal” ou “uma colher a mais de açúcar” podem desequilibrar a solução, piorando a desidratação ao aumentar a concentração de sais no intestino, o que pode agravar a diarreia.
A maneira mais segura é usando a colher-padrão de dupla medida, disponível gratuitamente em Unidades Básicas de Saúde.
- Em 1 litro de água potável (fervida e resfriada ou mineral), dissolva:
- 1 medida menor (e rasa) de sal.
- 2 medidas maior (e rasas) de açúcar.
Se não tiver a colher-padrão:
A alternativa exige cuidado redobrado. Use:
- 1 colher de chá rasa de sal (cerca de 3,5g).
- 1 colher de sopa rasa de açúcar (cerca de 20g).
- 1 litro de água.
Dica Sensorial: O soro pronto deve ser menos doce que um suco de laranja natural. Se o gosto do sal ou do açúcar se destacar demais, desfaça e comece novamente. Na dúvida absoluta, a opção mais segura é o soro em pó (SRO) vendido em farmácias, que já vem com a dosagem exata.
Como tomar
Administrar o soro requer calma. Não se deve beber um copo de uma vez.
- Para crianças: Ofereça em colheres de chá, como se fosse um remédio, a cada 5-10 minutos. Se houver vômito, aguarde um breve intervalo e retome com doses ainda menores.
- Para adultos: Pequenos goles frequentes são mais eficazes que grandes quantidades ocasionais.
Lembre-se: o soro não para a diarreia. Ele mantém o paciente hidratado e nutrido com eletrólitos enquanto o sistema imunológico ou o tratamento atuam na causa do problema.
Sinais de que é hora de procurar um médico
O soro caseiro é para suporte inicial. É crucial reconhecer quando a situação foge do controle e exige intervenção profissional. Procure atendimento médico imediatamente se observar:
- Mudanças no comportamento: Letargia extrema, irritabilidade incomum, sonolência excessiva.
- Sinais físicos graves: Olhos profundamente fundos, boca e língua secas, pele que ao ser pinçada demora a voltar ao lugar.
- Sinais de alarme: Vômitos que impedem a ingestão de qualquer líquido, presença de sangue ou muco nas fezes, febre alta persistente.
Fontes:
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