
Corticoide: como usar o anti-inflamatório com sabedoria
Isabelle Macedo Cabral

Ele está na “bombinha” da asma, no creme para a alergia de pele e no comprimido que tira alguém de uma crise de dor articular insuportável. O corticoide é um dos medicamentos mais prescritos – e também mais temidos – do mundo. A simples menção do nome já evoca, para muitos pacientes, o fantasma do ganho de peso, das alterações de humor e da dependência. Mas qual é a verdade por trás desse fármaco tão poderoso? Quando ele é, de fato, um herói e quando se transforma em um risco?
O hormônio do estresse que virou remédio
Em essência, os corticoides são versões farmacêuticas do cortisol, um hormônio que nosso corpo produz naturalmente nas glândulas suprarrenais, especialmente em situações de estresse. Ele regula inflamação, níveis de açúcar no sangue, pressão arterial e a resposta imunológica. O remédio potencializa essa ação regulatória, “desligando” processos inflamatórios descontrolados.
Alívio Imediato vs. Efeitos a Longo Prazo
A experiência do corticoide é paradoxal. Para quem sofre com uma crise alérgica que fecha a garganta ou com uma dor reumática que impede o movimento, a medicação pode trazer um alívio dramático em poucas horas. É essa eficácia rápida que a torna tão valiosa.
No entanto, o corpo não foi feito para operar com níveis altíssimos desse hormônio por meses ou anos a fio. O uso crônico, principalmente por via oral ou injetável, envia sinais constantes e distorcidos ao organismo, levando aos famosos efeitos colaterais.
Os efeitos colaterais reais (e os mitos)
Mito 1: “Engorda só porque retém líquido.”
Verdade: A retenção hídrica inicial existe, mas o ganho de peso persistente se deve principalmente ao aumento voraz do apetite e à redistribuição da gordura corporal (que vai para o rosto, a barriga e a nuca).
Mito 2: “Vicia como uma droga.”
Verdade: Não causa dependência psicológica. O que ocorre é uma dependência fisiológica: o corpo para de produzir cortisol naturalmente. Por isso, parar abruptamente é perigosíssimo e exige um “desmame” lento.
Mito 3: “Toda pomada de corticoide afina a pele.”
Verdade: Se usada corretamente (na quantidade certa, pelo tempo prescrito e apenas na área lesionada), os riscos são baixos. O problema é o uso indiscriminado, em grandes áreas ou por períodos muito longos.
Guia de sobrevivência para usar corticóide
Se você recebeu uma prescrição de corticoide, seja tópico ou oral, algumas atitudes são fundamentais:
- Seja o Guardião da Sua Receita: Pergunte ao médico: Qual o objetivo? Por quanto tempo? Como devo reduzir a dose? Quais sinais de efeitos colaterais devo observar?
- Nunca, Jamais, Interrompa Sozinho: Reduzir as doses por conta própria ou parar de uma vez pode desencadear uma crise de fadiga extrema, dor abdominal, pressão baixa e até colapso.
- Alimentação e Exercício são Seus Aliados: Para mitigar o aumento do apetite e o risco de ganho de peso, foque em alimentos ricos em fibras e proteínas magras. A atividade física de resistência (musculação) ajuda a combater a perda de massa muscular e a osteoporose induzidas pelo remédio.
- Para Usuários de Longo Prazo: Monitoramento médico regular é essencial. Exames de densitometria óssea, glicemia e perfil lipídico devem fazer parte do acompanhamento.
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